Qualidade na Construção
A invocação das regras da arte ou boas regras construtivas é um hábito inevitável nas obras de construção civil e uma noção que se torna habitual a todos aqueles cuja actividade, de uma ou de outra forma, está ligada a esse mundo particular que é a indústria da construção. A procura daQualidade na construção não é uma preocupação nova, o que é, sem dúvida, mais recente é a forma como a Qualidade passou a intervir na relação entre os construtores, ou quem manda construir, e o mercado.
As boas práticas Por um lado, a forte concorrência em todos os sectores de actividade, concomitantemente com o progresso social, geram estratégias comerciais orientadas para a satisfação das expectativas do cliente (exigência comercial); por outro, a competitividade e a rentabilidade estão no centro da procura da Qualidade, como forma de responder ao desafio económico posto às empresas (exigência económica). É consensualmente apontada a inexistência de documentação técnica de consulta, portuguesa ou estrangeira, onde essas regras tenham sido sistematizadas de forma exaustiva, o que se compreende, aliás, dada a especificidade e mesmo a elementaridade das descrições e instruções que uma tal tarefa envolveria, podendo originar uma documentação demasiado extensa, quiçá infindável. Na aplicação de um sistema de gestão da qualidade ao sector da construção, deverá ter-se presente que se trata de um sector especial da actividade industrial, dadas as suas características, nomeadamente: - A diversidade dos intervenientes nas várias fases do processo construtivo; - A grande dispersão das obras, agravada geralmente, pela pequena produção em série; - O carácter itinerante desta indústria, com sucessivas mudanças de esta1eiro, de tipo de obra e de pessoal; - A multiplicidade de materiais, componentes e tecnologias utilizados, bem como dos respectivos fornecedores; - Como corolário das características anteriores, a necessidade de uma estrutura de produção especifica, na realização de uma obra, o que corresponde, na prática, à criação de uma empresa para cada operação de construção, empresa essa com particularidades importantes: associa pessoas que nunca trabalharam juntas; produz um protótipo (cada caso difere do anterior); é efémera, durando apenas o tempo da execução; nem todos os intervenientes estão presentes desde o seu início, além de pertencerem (subempreiteiros) a estruturas diversificadas. A concorrência e a crise É no contexto de uma forte concorrência empresarial, fruto da actual conjuntura económica, particularmente na Europa, e num quadro de políticas da qualidade nacionais baseadas na harmonização das regulamentações perspectivadas ao nível internacional, que as indústrias equacionam os benefícios que podem decorrer da adesão aos princípios da qualidade. A indústria da construção não foge a essa regra, sendo embora um sector onde haverá ainda muito a desenvolver nesse sentido. No seu caso particular, os objectivos gerais são a produção de obras de tipo diversificado, desenvolvidas por múltiplos intervenientes (projectistas, consultores, construtores, etc); a sua entrega, processa-se no final de um ciclo mais ou menos longo, à entidade que encomendou os sucessivos trabalhos, o Dono-de-Obra, que na generalidade não é o utilizador ou o utente final, será antes o último interveniente da produção, se fizermos uma analogia com outras indústrias; numa análise restrita podem-se considerar diferentes âmbitos de produção envolvidos: produção da entidade projectista, produção imobiliária, ou mesmo produção com objectivos socioeconómicos, no caso de obras públicas estradas, habitação social, caminhos-de-ferro, etc. As obras de edifícios possuem um conjunto de características comuns e abrange um grupo de sistemas construtivos bem definido, o que permite desenvolver modelos de apoio à gestão da qualidade. É portanto necessário avaliar primeiro o ciclo de produção da indústria da construção, nas suas várias etapas, designadamente: a avaliação do investimento (estudos de viabilidade), a concepção, o projecto, o licenciamento, a construção, a assistência após venda (período de garantia), não esquecendo o seu balanço final (fecho de contas). Podem distinguir-se duas perspectivas em que o controlo da qualidade se subdivide: - Controlo de produção, exercido por agentes ou mandatários da entidade produtora; - Controlo de conformidade, exercido por agentes ou mandatários de quem recebe o produto (em geral o Dono-de-Obra). A eficiência do controlo de conformidade depende da forma como ele é praticado, nomeadamente: - Do grau de independência de quem efectua o controlo em relação à entidade controlada; - Do tipo de controlo e da intensidade com que é exercido; - Dos critérios de aceitação e rejeição utilizados. Autor: Jaime António Pires Gabriel Silva Excerto Adaptado Imagens: OVEC Consultants (Publicado em engenhariacivil.com) |
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